8 de set. de 2010

O problema do livre arbítrio

Até que ponto somos realmente sujeitos das nossas ações? O problema do livre arbítrio surge, na história humana, quando pessoas são levadas a suspeitar que as suas ações possam ser determinadas por fatores desconhecidos e que estão fora do seu controle. A tese de que todos os acontecimentos estão causalmente determinados pelos acontecimentos anteriores e pelas leis da natureza é denominada determinismo. Entretanto, se o livre arbítrio implica ter em nós mesmos a fonte última das nossas escolhas e ações, então o determinismo parece ser um obstáculo para o livre arbítrio.
A visão de que o determinismo e o livre arbítrio são compatíveis é denominada compatibilismo. Se o compatibilismo está correto, então os seres humanos podem ser simultaneamente determinados e livres. Compatibilistas argumentam que ser livre significa: (1) ter poder ou habilidade para fazer o que queremos ou desejamos fazer; (2) ausência de constrangimento ou impedimentos, como restrições físicas, coerção ou compulsão. Quer dizer, o nosso poder de agir ou escolher se depara com limites. Mas, mesmo diante de limites ou impedimentos, o compatibilista argumenta que você poderia ter feito diferente, se quisesse ou desejasse fazer diferente.
Entretanto, alguns defendem que o livre arbítrio e o determinismo não podem ser, ambos, consistentemente afirmados. Eles são chamados de incompatibilistas. Um dos mais discutidos argumentos é o Argumento da Conseqüência: caso o determinismo seja verdadeiro, então nossos atos seriam as consequências das leis da natureza e de eventos de um passado remoto e não dependeria de nós o que aconteceu antes de termos nascido, nem depende de nós o que são as leis da natureza. O argumento nos leva a assumir que nós não podemos agora fazer deferente do que fazemos. Se essa versão do determinismo for verdadeira, então como alguém poderia ser culpado de seus erros? E como alguém poderia ter mérito em seus êxitos, já que, se não há livre arbítrio, nada do que fez dependeria dele?
Agora, diante do dilema, determinismo ou livre arbítrio, o que você assumiria? Se assumir o determinismo, então você deve abandonar o livre arbítrio. E então, quais seriam as consequências da inexistência da liberdade? Por outro lado, se assumir o livre arbítrio, então você precisa explicar como as ações livres podem escapar às causas físicas e leis da natureza. Mas, quais são as consequências, em todos os sentidos, de você possuir livre arbítrio? Pense nisso.
Este texto foi extraído do JORNAL MUNDO JOVEM, agosto de 2009 ano1, número 4

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